O que é Metacognição?

A metacognição foi definida por John Flavell (Stanford University) nos anos 1970 como o conhecimento que as pessoas têm sobre seus próprios processos cognitivos e a habilidade de controlar esses processos, monitorando, organizando, e modificando-os para realizar objetivos concretos. Em outras palavras, a metacognição se refere à habilidade de refletir sobre uma determinada tarefa (ler, calcular, pensar, tomar uma decisão) e sozinho selecionar e usar o melhor método para resolver essa tarefa.

Para Flavell (1976), em qualquer tipo de operação cognitiva, existe uma monitorização ativa e consequente regulação e orquestração dos processos cognitivos envolvidos ou dos dados sobre os quais eles versam, isto é, a metacognição.

Você já se deparou com uma situação em que alguém lhe diz para fazer algo de um determinado modo e você responde “eu faço melhor dessa forma” ou “não, eu aprendo melhor assim”. Pense em outro exemplo, você já pensou em como você faz para decorar um número de telefone ou número do seu RG ou CPF? Pense agora!

Você decora por pares de número, trios, faz alguma associação com outros números e datas? E se eu te pedisse para decorar o número 345624678912, como você faria? Tente agora! Deixe seu comentário no fim do texto, contando a forma como você fez para decorar esse número.

A análise, planejamento e escolha da melhor forma de memorizar o número é o que denomina-se de metacognição.

Porque a metacognição é importante?

A metacognição é importante principalmente quando falamos de aprendizagem e ainda mais especificamente quando se fala de aprendizagem escolar. Algumas vezes a metacognição também é definida como “o pensamento sobre o pensamento” e que pode, portanto, auxiliar os estudantes a “aprenderem como se aprende”. O conceito de metacognição tem um grande papel na aprendizagem e, portanto é um conceito muito importante na Psicologia Cognitiva, na Psicologia Escolar/Educacional e na Educação em geral.

A metacognição possui três elementos básicos:

  1. Desenvolvimento de um plano de ação: O que eu devo fazer primeiro? Quanto tempo eu levarei para fazer? O que eu já sei sobre esse assunto e que pode me ajudar?
  2. Monitoramento do plano de ação: Como eu estou indo? Eu devo continuar assim ou mudar de estratégia? O que é mais importante de lembrar disso? Eu tenho que mudar algo agora para conseguir fazer essa tarefa?
  3. Avaliação do plano de ação: Eu me sai bem? Eu poderia ter feito algo diferente? O que eu não consegui fazer? O que eu devo fazer na próxima vez? No que isso pode me ajudar?

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Toda educação deveria promover o desenvolvimento da metacognição

Embora desenvolver a metacognição seja o objetivo de toda a educação escolar, isto é, fazer com que os alunos planejem suas ações futuras com base nos conhecimentos adquiridos e que possam identificar suas próprias dificuldades e procurar métodos mais eficazes para superar essas dificuldades, a metacognição nem sempre é desenvolvida/ensinada nas salas de aulas. É importante entender que isso não significa que existam pessoas sem metacognição, o que estou dizendo é que ela deve ser treinada para que seja desenvolvida e aperfeiçoada e a escola tem um papel fundamental de proporcionar esse treino.

Nas escolas brasileiras, as crianças, em geral, ficam mais dependentes de avaliações externas sobre seu próprio desempenho, como correções das professoras e resultados de provas, do que de avaliações internas, ou seja, do seu auto-monitoramento. Muitas vezes as crianças não sabem se estão de fato aprendendo os conteúdos escolares a não ser quando chegam as notas de provas que mostram que elas estão com dificuldades. Enquanto uma criança que pode se auto-monitorar, poderia ver que está com dificuldades antes mesmo das avaliações e buscar ajuda para corrigir isso.

Assim, um bom professor deveria incentivar seus alunos a planejarem seus próprios modos de estudo e avaliarem a si mesmos se estão com dificuldades e como buscar alternativas para superá-las. Em outras palavras, os professores deveriam treinar as crianças para desenvolverem essa habilidade de refletir sobre o melhor modo para aprender, ou seja, desenvolverem a metacognição. Isso não significa que os professores não devam ensinar, porque as crianças irão aprender sozinha, nem que os professores não devam avaliar seus alunos. Pelo contrário, os professores têm que fazer justamente essas coisas, eles devem organizar e apresentar os conteúdos escolares de modo a favorecer a aprendizagem dos alunos e devem sempre avaliar seus alunos e seus próprios métodos de ensino também. Afinal é preciso saber também se os métodos de ensino estão adequados. Se o professor ensina e as crianças não aprendem, não significa que as crianças é que estão com problemas, talvez a forma de ensino não foi adequada e é preciso modificá-la. Professores também precisam de metacognição sobre seus métodos de ensino.

O que você achou desse texto? Como você usa sua própria metacognição?

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Referências

  • Flavell, J. H. (1976). Metacognitive aspects of problem solving. In L. B. Resnick (Ed.), The nature of intelligence (pp.231-236). Hillsdale, NJ: Erlbaum
  • Flavell, J. H. (1979). Metacognition and cognitive monitoring: A new area of cognitive-developmental inquiry. American Psychologist, 34, 906 – 911.

2 comentários em “O que é Metacognição?”

  1. O conteúdo do texto é de grande importância, é bem esclarecedor em se tratando de buscar pela a apredizagem de ambas as partes, aluno e professor. É de grande valor

  2. Achei super interessante, no quão importante é a metacognição para a aprendizagem. Incentivar os alunos a planejarem seus próprios meios de estudos, e questionar sobre qual método ou forma é mais fácil deles aprenderem.

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